Guia Completo do Dízimo: Origens, Cálculo e Contribuições na Vida Espiritual

O dízimo é um conceito que ao longo da história cristã tem gerado muitas perguntas e discussões, especialmente no contexto das práticas religiosas atuais de algumas denominações. Mas se ele é bíblico, por que tantas dúvidas? Bem, nosso objetivo é ajudar na melhor compreensão sobre o tema, e trazer a visão bíblica sem o viés preconceituoso que existe sobre o tema.

Lembrando que a falta de conhecimento sobre o assunto tem levado muitos a terem prejuízos financeiros e desgastes emocionais e físicos em embates sobre o assunto. Ou vítimas de alguns líderes mal intencionados, que usam o dízimo com outras intenções se não as propostas pelo texto bíblico.

Nossa intenção é responder as principais perguntas sobre o assunto, qual a forma correta de dar o dízimo, quando devolver, como devolver o dízimo e o que a bíblia diz sobre a oferta.

Também vamos trazer uma visão histórica e seu papel no contexto atual, tudo baseado de acordo com a bíblia, a fim de que haja saúde no corpo eclesiástico.

O que é o dízimo?

O dízimo é uma prática de doação de uma parte da renda ou bens (10%) para a igreja ou instituição religiosa. Essa prática tem origem no Antigo Testamento e é mencionada em várias passagens bíblicas, com o fim de adorar a Deus e sustento de sua causa.

O que é uma oferta e como ela se difere do dízimo?

Ambos envolvem a contribuição financeira ou material dos fiéis para apoiar o trabalho da igreja ou do templo e ajudar os necessitados. No entanto, eles diferem em sua natureza e propósito.

Dízimo

O dízimo refere-se especificamente à prática de devolver 10% da renda ou dos bens de uma pessoa à igreja ou ao templo. Essa prática tem suas raízes no Antigo Testamento e era um requisito da Lei mosaica para os israelitas, Deuteronômio 14:25. A décima tinha como objetivo principal sustentar os levitas, que eram responsáveis pelos serviços religiosos e pelo funcionamento do templo Números 18:21. Além de ser uma forma de adoração e gratidão a Deus pelas dadivas recebidas.

Oferta

A oferta, por outro lado, é uma contribuição voluntária e não tem uma quantia específica ou porcentagem associada a ela.

Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria. 2 Coríntios 9:7

No Novo Testamento, a ênfase está na generosidade e no apoio aos necessitados.

O dízimo é uma contribuição específica (10% da renda ou dos bens) estabelecida no Antigo Testamento, enquanto a oferta é uma contribuição voluntária, sem montante fixo, que expressa generosidade e apoio aos necessitados e ao trabalho da igreja ou do templo.

O que a Bíblia diz sobre o dízimo?

A devolução do dízimo é uma prática amparada pelo cânon bíblico através de versículos sobre dízimo no antigo e no novo testamento.

Gênesis 14:18-20: Neste trecho, Abraão dá o dízimo de tudo o que possui a Melquisedeque, o rei de Salém e sacerdote de Deus.

“E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e este era sacerdote do Deus Altíssimo. E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra! E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos! E deu-lhe o dízimo de tudo.”

Levítico 27:30-32: Esta passagem estabelece o dízimo como uma obrigação para os israelitas, aplicável aos frutos da terra e ao gado.

“Também todas as dízimas da terra, tanto dos cereais do campo como dos frutos das árvores, pertencem ao Senhor; são consagradas ao Senhor. Se alguém quiser resgatar parte das suas dízimas, terá que acrescentar um quinto ao valor. A dízima dos rebanhos, um animal em cada dez que passarem debaixo da vara do pastor, será consagrada ao Senhor.”

Números 18:26: Aqui, Deus instrui os levitas a darem uma porção do dízimo que recebem ao Senhor.

“Diga aos levitas: Quando receberem do povo de Israel a dízima que eu dou a vocês como a sua herança, terão que apresentar uma décima parte dessa dízima como contribuição ao Senhor.”

Deuteronômio 14:22-29: Este versículo da bíblia fala da relação do dízimo e os israelitas.

“Certamente darás os dízimos de todo o fruto da tua semente, que cada ano se recolher do campo. E, perante o Senhor teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer ao Senhor teu Deus todos os dias.”

Malaquias 3:10: Neste versículo, Deus promete abençoar aqueles que dão o dízimo.

“Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos advenha a maior abastança

Qual é a origem do dízimo?

A origem da décima parte tem foco na origem sob duas perspectivas:

Versão bíblica:

O conceito de dízimo tem suas raízes no Antigo Testamento e nas tradições do povo de Israel, e era uma forma que tinha como aspecto base:

  • Reconhecimento que Deus é todo de tudo.
  • Adoração.
  • Gratidão.

A primeira menção bíblica do dízimo ocorre em Gênesis 14:18-20, quando Abraão dá o dízimo de tudo o que possui a Melquisedeque, o rei de Salém e sacerdote de Deus. Posteriormente, a lei do dízimo é formalizada no Pentateuco (os primeiros cinco livros da Bíblia) através de textos como Levítico 27:30-32, Números 18:26 e Deuteronômio 14:22-29. 

Essas passagens estabelecem o dízimo como uma obrigação de todo cristão (lembrando que a obediência não é servil, mas por reconhecimento e amor) para os israelitas, aplicável aos frutos da terra, ao gado e aos bens em geral. Como lemos em Malaquias 3:10 em especial.

Versão histórica:

O dízimo é praticado em outras religiões além do cristianismo? A prática do dízimo não se limita à tradição judaico-cristã. Povos e culturas antigas ao redor do mundo também praticavam formas semelhantes de contribuição para templos, sacerdotes ou líderes religiosos. Na Mesopotâmia, por exemplo, havia sistemas de tributação para apoiar templos e sacerdotes, que incluíam a doação de uma parte da produção agrícola.

No Egito Antigo, a prática de dar uma parte dos bens à religião também era comum. As ofertas eram feitas aos deuses e aos sacerdotes que os serviam, no caso dos egípcios eles davam o dízimo como uma forma de garantir a continuação das bênçãos e proteção divina. Diferente dos judeus, que tinham como foco a gratidão pelo sustento, adoração e bênçãos já recebidas.

Na Grécia e Roma antigas, também existiam práticas semelhantes de contribuições religiosas, embora o termo “dízimo” não fosse usado.

A prática do dízimo continuou no cristianismo, sendo adotada por várias denominações cristãs ao longo dos séculos. Durante a Idade Média, o dízimo se tornou uma prática comum e obrigatória na Igreja Católica, e muitas igrejas protestantes também adotaram o dízimo como parte de suas tradições após a Reforma.

A prática de devolver o dízimo é uma maneira de apoiar instituições religiosas e seus líderes, garantir a continuidade das práticas religiosas e, em algumas tradições, expressar gratidão e devoção a Deus.

O dízimo é obrigatório para os cristãos?

A obrigatoriedade do dízimo para os cristãos é um tema que pode variar de acordo com as diferentes denominações e interpretações teológicas. E para melhor explicar a questão da obrigatoriedade existem duas visões principais sobre o dízimo dentro do cristianismo:

Visão tradicionalista

Há denominações que o dízimo é uma prática obrigatória. Essas igrejas e denominações argumentam que o dízimo é uma maneira de expressar adoração, gratidão a Deus pelos dons que ele proporciona é uma forma de sustentar a igreja e seus líderes.

Visão neotestamentária

Já em outras denominações e tradições também cristãs consideram o dízimo uma prática não obrigatória, enfatizando que o Novo Testamento não estabelece explicitamente a obrigatoriedade do dízimo para os cristãos. E para defender este conceito se baseiam em passagens bíblicas como:

“Cada um dê conforme determinou em seu coração, não com pesar ou por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria. 2 Coríntios 9:7”

Como calcular o dízimo?

Para calcular o dízimo, siga os passos abaixo:

Determine sua renda: Identifique sua renda total, seja ela salário, comissões, bônus, renda de investimentos ou outras fontes de renda. Algumas pessoas consideram o dízimo com base na renda bruta (antes dos impostos e deduções), enquanto outras preferem usar a renda líquida (após os impostos e deduções). A abordagem escolhida pode variar de acordo com as convicções pessoais e a orientação de sua denominação ou igreja.

Calcule 10% de sua renda: Para encontrar o valor do dízimo, multiplique sua renda (bruta ou líquida) por 0,1 (ou 10%). Por exemplo, se sua renda mensal é de $3.000, o dízimo seria de $300 ($3.000 x 0,1).

Considere a frequência de pagamento: A frequência com que você dá o dízimo pode variar de acordo com suas preferências pessoais e a orientação de sua igreja. Algumas pessoas escolhem dar o dízimo mensalmente, enquanto outras preferem fazê-lo a cada semana, trimestre ou ano.

Algumas denominações e igrejas cristãs não consideram o dízimo uma prática obrigatória e enfatizam a importância de dar voluntariamente, de acordo com suas possibilidades e convicções. Mas biblicamente a forma correta é devolver 10% do seu lucro.

Posso designar onde meu dízimo será usado na igreja?

Embora a prática do dízimo seja comum em muitas igrejas, as regras e diretrizes de distribuição são específicas conforme a política de cada instituição, que inclui:

  • Profissionais contratados
  • Escolas
  • Universidades
  • Comunicação
  • Manutenção do edifício
  • Atividades de evangelismo
  • Assistência social. 

Como o dízimo é usado na igreja?

O modelos de estrutura abaixo é o usado pela Igreja Adventista, este tipo de organização é uma forma segura de distribuição do dízimo, pois evita desvios de verbas e fins com o dinheiro derivado dos fiéis.

  • 1%  SELS (Serviço Educacional Lar e Saúde), departamento que funciona como suporte para manter os colportores evangelistas no campo de missões em tempo integral.
  • 1%  Televisão (Sistema Novo Tempo de Comunicação), para manter os programas e profissionais da TV Novo tempo.
  • 1,5% Hospital Adventista (Grupo Hospitalar Adventista) para auxiliar na manutenção da área religiosa das Instituições de Saúde.
  • 6%  Valor investido para tarefas de evangelização e manutenção de obreiros.
  • 12% Para manutenção e suporte do setor religioso nas Escolas primárias, secundárias e cursos de Teologia como o UNASP.
  • 10% União (Sede nacional da igreja)
  • 10% Dedicado às Missões da Divisão Sul Americana da igreja
  • 58,5% Do valor fica no campo Local (Missão ou Associação) para manter salários de pastores e obreiros do campo.

Isso pode incluir designar fundos para missões, projetos de construção, ministérios específicos ou programas de assistência social. 

O dízimo deve ser pago em dinheiro ou pode ser em bens?

Antigamente o pagamento era feito por produtos agrícolas, hoje o dízimo deve ser pago em dinheiro.

Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes. E por causa de vós repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa terra; e a vossa vide no campo não será estéril, diz o Senhor dos Exércitos. Malaquias 3:10,11

Na versão da Bíblia King James Version se traduziu a expressão de Malaquias 3 como “celeiro ou lugar onde cereais eram depositados”, já que o dízimo vinha de produtos agrícolas e animais.

O dízimo deve ser dado mensalmente ou anualmente?

Não há uma frequência estabelecida pela Bíblia para devolução dos dízimos e ofertas. A devolução do dízimo pode variar de acordo com a tradição, a denominação, a igreja e as preferências pessoais do indivíduo que contribui. 

Opções de frequências para a devolução do dízimo:

Mensalmente: Muitas pessoas preferem devolver o dízimo mensalmente, pois isso pode estar alinhado com o recebimento do salário ou outras fontes de renda. Isso também pode ajudar a igreja ou a instituição religiosa a ter uma renda mais regular para cobrir suas despesas e necessidades.

Semanalmente: Algumas pessoas optam por devolver o dízimo semanalmente, muitas vezes durante o culto religioso. Isso pode ajudar a manter a prática do dízimo presente e central na vida espiritual do indivíduo.

Trimestralmente ou anualmente: Outros preferem devolver o dízimo a cada trimestre ou anualmente, tudo depende da sua escolha e formas de recebimentos. Deuteronômio 14:28-29

Devo dar o dízimo antes ou depois de pagar as contas e impostos?

Apesar de algumas instituições religiosas aprovarem a devolução do dízimo do restante que sobrar depois de pagar as contas e pagar impostos. Devemos devolver o dízimo em sua integralidade, precisamos entender que não nos beneficiamos apenas do nosso salário líquido e sim do bruto.

Quais são as consequências de não dar o dízimo?

Antes de responder esta questão é preciso compreender alguns pontos:

  • O Senhor é bom Salmos 34:8: Provai e vede que o SENHOR é bom; bem-aventurado o homem que nele confia.
  • Deus é amor João 3:16: Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. João 3:16
  • Tudo pertence a Deus Salmo 24:1,3: Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam.
  • Dono do ouro e da prata Ageu 2:8: Porquanto, toda prata e todo ouro a mim pertencem!” Afirma Yahweh.

Deus jamais vai deixar um filho seu passar necessidade por prazer ou viver miseravelmente porque não devolve o dízimo. Passamos necessidades por diversos fatores econômicos e sociais e não por que Deus quer. Todo cristão que devolve o dízimo é porque entende que o plano de Deus, e a sua proposta traz saúde natural não só as finanças, mas a toda vida. O dízimo é um forma de afastar o egoísmo devolvendo aquilo que não nos pertence.

O plano para felicidade humana

Teus, ó Senhor, são a grandeza, o poder, a glória, a majestade e o esplendor, pois tudo o que há nos céus e na terra é teu. Teu, ó Senhor, é o reino; tu estás acima de tudo. A riqueza e a honra vêm de ti; tu dominas sobre todas as coisas. Nas tuas mãos estão a força e o poder para exaltar e dar força a todos. Agora, nosso Deus, damos-te graças, e louvamos o teu glorioso nome. “Mas quem sou eu, e quem é o meu povo para que pudéssemos contribuir tão generosamente como fizemos? Tudo vem de ti, e nós apenas te demos o que vem das tuas mãos. 1 Crônicas 29:11-14

Porém tudo pertence a Deus e ele nos dá dádivas e a oportunidade de participar com gratidão, e adoração devolvendo os dízimos e as ofertas.

No livro de Malaquias 3:8-10, por exemplo, o profeta Malaquias adverte o povo de Israel sobre as consequências de não dar o dízimo e as ofertas:

“8 Pode um homem roubar a Deus? Todavia, vocês estão me roubando. E ainda perguntam: ‘Como é que te roubamos?’ Nos dízimos e nas ofertas. 9 Vocês estão debaixo de grande maldição porque estão me roubando; a nação toda está me roubando. 10 Tragam o dízimo todo ao depósito do templo, para que haja alimento em minha casa. Ponham-me à prova”, diz o Senhor dos Exércitos, “e vejam se não vou abrir as comportas dos céus e derramar sobre vocês tantas bênçãos que nem terão onde guardá-las.”

Nesta passagem, o profeta afirma que o povo está roubando a Deus ao não entregar o dízimo e que isso resulta em uma maldição sobre a nação. No entanto, se o povo der o dízimo, Deus promete abrir as comportas dos céus e derramar bênçãos. Em 2 Coríntios 9:7, Paulo escreve: “Cada um dê conforme determinou em seu coração, não com pesar ou por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria.”

Em conclusão: O dízimo é uma prática moralmente correta? É um sistema que não lesa ninguém, e se bem administrado é pão para o faminto, e sustendo a um sistema que beneficia centenas de pessoas.

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